quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Desenhando por do sol

Foi preciso poesia pra ficar inerte
de um vazio que parece fome,
e foi bastante até cansar poeta

Precisou de flores pra fazer perfume
em uma cidade cor-de-prata,
pouco rica

Com páprica e torta de maçã o que era amargo
virou beija-flor, sedento e eufórico
docinho, para suportar um pôr-do-sol sem chorar
(pois o choro vinha salgado)

E com arte moldou-se um abraço calejado
se desenhando e dançando por entre dedos
com bolhas de tantas tentativas incansáveis de reinventar amor
(o amor existe porém não dura mais que horas)

Quem não vive arte desiste
sobrevivendo de esmola

(2013)

Um comentário:

  1. Quanta inspiração. Não sei qual mais gostei dos que li. Mas em todos há um reconhecimento, um encontro comigo.

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