domingo, 13 de julho de 2014

Temo que ele leia essa poesia

Temo que ele volte no meio da madrugada
Não porque a rua marginalizaria seu corpo desleixado
Mas porque temo que durma em mim
Durante mais outras noites cruciantes

Temo seus músculos contraindo-me junto à saudade
Esfolando o meu orgulho
Despedaçando o amor que auto-construí

Já não entendo porque te(a)mo idolatrar ainda mais aqueles olhos
Acastanhados e simplórios
Envoltos por uma magia sórdida
Que o deixa com olheiras absolutas

Não me encaixo no meu medo surrupiado
De ouvir os discos antiquados no volume máximo
De reler os livros de Drummond
E cismar que cada personagem carrega o nome dele

Sou composta por batons borrados e temores que me aprisionam
Ora, se me borrei foi porque sua boca não me acerta
Não mais suporto a espera
E confesso por intermédio de rimas incrédulas:

Eu diria sim
Sem temer nosso mais do que esperado fim

6 comentários:

  1. Um texto cheio de passagens violentas.
    Admiro quando usas essa força.

    Iza

    ResponderExcluir
  2. Uau, muito bom, parabéns pela escrita!

    ResponderExcluir
  3. Cada verso esconde vários significados, inúmeros sentimentos...

    "Sou composta por batons borrados e temores que me escravizam"

    Pois é, somos escravos dos nossos medos, assim como somos escravos dos nossos sentimentos...

    http://omundoemcenas.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  4. Seus livros podem até estar meio esquecidos, mas com certeza você tá sabendo usar muito bem as palavras e sentidos que leu neles!!!

    ;)

    Feliz semana!

    ResponderExcluir
  5. Amor singular é paixão, se teve amor por sua parte, houve reciprocidade, de alguma forma, em alguma palavra, chocolate, flor (assim eu imagino). Se ele voltar, que volte em chamas e não seja tão veloz.

    Abraços

    ResponderExcluir
  6. Diferente de você, eu não temo que ele leia essa poesia, pois é incrivelmente bem escrita e completamente profunda. Adorei cada palavra, cada verso e cada significado.

    ResponderExcluir