quinta-feira, 24 de julho de 2014

Acho que te perdi sem possuí-lo

Você vai fumar aquele cigarro preto com gosto suave de menta e lembrará do meu rosto envolvo por nevoas e sorrisos fáceis. Eu vou lembrar de seus modos educados de me seduzir, da sua barba me alisando um carinho que necessito agora e do sabor da sua boca mentolada. A verdade é que você se envolveu demais nas minhas prosas e se teme uma paixão fora de órbita, não deveria me chamar pra sua casa. Quando fecho as pálpebras consigo pintar aquela vista da praia de Botafogo, me cantando e soprando e recitando prosas a partir de cores serenas. Ah, se embarco no seu corpo você já sabe que vira música e te liberto, te expiro a validade. Quero te cansar com a minha insanidade, esses seus olhos pesados me captam real demais. Sei que duvida da minha saudade, mas se olhar no encosto da sua janela, verá que minhas cinzas ainda estão por ali. Você vai querer me amar quando lembrar dos monstros que achamos nas paredes, das filosofias baratas e de como nos encaixamos bem
Você vai lembrar que eu sou dispersa e que te perdi cedo demais...

5 comentários:

  1. Bom dia Gyzelle,
    Seu texto faz-nos embarcar numa paixão mal alinhavada, bem assumida, cheia de tentações. «... você vai querer me amar quando lembrar...» - até parece música, de tão bem que "dança" na mente de quem lê.
    Abço amigo

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  2. Lindo texto, Gyzelle.
    Você consegue mostras a dor e a felicidade ao mesmo tempo, genial. Adorei!

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  3. Parece que você definiu toda a criação desse poema, no momento em que se "espreguiçava", isso é cheio de saudades e vontades , bom demais.
    Saudações!

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  4. ''''A verdade é que você se envolveu demais nas minhas prosas e se teme uma paixão fora de órbita, não deveria me chamar pra sua casa.''''

    Definiu a minha ultima (e talvez permanente) paixão.

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  5. Estrangeiro: As vezes temos que nos despedir cedo demais de maravilhosos encontros...e essa decisão nem sempre é nossa...digo...nem sempre a configuração atual da nossa existência nos permite posicionar da maneira que acreditamos ser a melhor...o que me conforta é saber que a escrita é capaz marcar esses momentos...colocam um carimbo no tempo...você consegue nos passar essa incerteza linda entre o que é vivência e o que é puramente poesia...adorei a parte dos monstros na parede...lindo

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