quarta-feira, 5 de novembro de 2014

5/11/14

Um coração feito de neve entrou em erupção

São os vinte anos! Amanheci e vi os vinte anos marcados
em minha identidade suja de café,
na carteira de trabalho e em letras condenáveis no diário
as palavras lunáticas não cabem no céu de meio-dia
Eu assisti o surgir de uma nova constelação
queimam meus dedos e
ardem esses sóis achados em sorrisos urbanos, cansados...
a melancolia marcou meu rosto com um traço salgado,
a estrela cadente é carente de amor

Lua alta demais
e eu minguando por ter visto os instantes passarem, me atropelarem
no asfalto, no beco da rua sem retorno,
onde foi parar a saída?
ou fui eu que parei na entrada?

E sou alucinada, feiticeira, cigana obsessiva
senhora de faces que desvendam seus olhos clandestinos,
sobrevivendo deixando destroços abandonados na varanda,
em quartos bagunçados,
no coração de algum pedestre apressado
Morrendo plena de poetizar incansável uma tristeza crônica,
expondo em cada verso uma ferida vulgar e nociva
aceitando a angústia como parasita

...composta do cárcere de amores inventados em ônibus abafados

Tenho vinte motivos para escrever sobre o amor
Vinte
e quatro horas
já passou da hora de acordar, coração...

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