sete anos
de azar
tenho colocado
a culpa da minha
falta de amar
em cima
do espelhinho quebrado
dentro da bolsa
e admiro a rua
que não mudou tanto
desde que a minha solidão
criou nome
e noto o desejo de um amor
desejo que me manche a pele
uma carta justificando
um supérfluo ato passional
que me fume como se eu fosse
o último cigarro do maço
e da noite
necessito me sentir
folheada por mãos
dos outros poetas
os poetas
sempre escrevem
o que eu pretendia dizer
mas só eu digo assim
do meu jeito
esqueci o casaco no bar da Gávea
mas ainda não saí da Gávea
eu acho que esqueci
muitas coisas
a roupa para lavar
e o coração de molho
da janela eu vejo
o amor passar
e nenhuma poesia
por mais ligeira que fosse
poderia recitar
Os poetas também estão sempre dizendo o que sinto.
ResponderExcluir"da janela eu vejo a dor
ResponderExcluirque nenhuma poesia consegue recitar"
Chega senti um friozinho, moça :}
Lindo, lindo, lindo.
percebo que preciso de um amor
ResponderExcluirque escreva em minha pele
por meio de hematomas
/
os outros poetas sempre escrevem
o que eu pretendia dizer
/
da janela eu vejo a dor
que nenhuma poesia consegue recitar
eu quase alcanço todo
dia essa
dor
ligeira
Demoro para aparecer aqui, só para me surpreender cada vez mais.
"recebo cada um como um puxão no gatilho"
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