terça-feira, 4 de novembro de 2014

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Acordei antes das seis ao ouvir o pássaro gritar as mágoas perto da minha janela semi-aberta. Infeliz andorinha que exibe a dor no nome e no canto embargado. Chorei até molhar a almofada, e quis morrer ali deitada. Quis falecer antes de acender a minha desistência diária, rezei mesmo sendo incrédula só para não ter que levantar a carcaça antes do despertador a dor acordar às sete da manhã. Na padaria pedi por favor dois pães na chapa e um café pingado para matar a fome, porém, e a fome da alma desnutrida? Quem fartaria minha alma vazia? O padeiro não parecia disposto a isso depois de ter vendido tantos sonhos. Comprei então uma garrafa de água para sobreviver ao verão do rio. E ainda requebro os quadris ao atravessar a rua porque sei que o motorista do ônibus 538 sempre me olha, mas eu preciso é recitar aos caras o anúncio de que estou quebrada. Sou a bolsa de valores, o mensalão, a conta de luz atrasada. A chave caiu dentro do poço enquanto no elevador apertava o quarto andar, o vizinho deu o número dele caso eu precise de ajuda.

Será que ele possui cola para um coração aos pedaços?

4 comentários:

  1. Se ele possuir, pode avisar? Precisando aqui!!
    Adorei, Gyzelle!!

    Beijoo'o

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  2. OI GYZELLE!
    ACHEI TEU TEXTO INTERESSANTÍSSIMO E TUA FORMA DE ESCRITA MAIS AINDA.
    GOSTEI DO QUE ENCONTREI AQUI E ESTOU TE SEGUINDO.
    ABRÇS



    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

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  3. Uma xícara de açúcar não seria um pedido mais aceitável, G. ?
    Açúcar, pra adoçar a vida. Mas e se ele for diabético?

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  4. Adoro esse teu humor, que consegue ser triste.
    Sempre dou um sorriso triste quando te leio.
    Não é ruim, meu sorriso mais verdadeiro tem sido assim.

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