sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Epílogo

Às vezes acho que ele possui mil personalidades
Todas me possuem em frequências equívocas
Doei-me a esse amor em ruínas
E o pouco que me sobra eu alimento a sede
Que vem da fonte daqueles lábios traiçoeiros

Sou suspeita a renegar o meu destino platônico
Mas não precisa ser vidente para prever a catástrofe
Que é estar naufragada nos terríveis olhos dele
Nas digitais
Hei de me erguer algum dia das cinzas
Quando o amor nos queimar a despedida

Edifico a esperança de sair sobrevivente
Mas moldo com as palavras vacilantes o meu epitáfio
Pois temo morrer sem dar voz a nós
Temo herdar em outra encarnação o silêncio desse amor medonho

Roubará as minhas dádivas
Furtará as lembranças que já nem sei se existem
Com o intuito de que eu vire discípula do seu passado
Às vezes acho que sou refém desse amor hediondo
Às vezes tenho certeza

2 comentários:

  1. Esse poema te fez muito racional,me parece elaborado - pensado demais, eu gosto da tua força instintiva, das tuas cataratas de versos, tu é terrestre, apaixonada ou não; tu é solta e natural.
    Saudações

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