São onze horas da noite
Lembro dos grandes olhos azuis tão mencionados por mim
Eu finjo que esqueci de você
enquanto falo nomes de homens
do meu passado para estranhos
que me julgam desarmada
E me dispo de suas características
ao fazer poesias só para não assinar
seu nome cru no papel
da cor de sua pele glacial
Eu não preciso evocar nomes
para reconhecermos que essa poesia
é novamente sua
É esse muro de concreto?
São as cartas extraviadas
nos levando a rumos tão longínquos?
Eu atraso todos os dias o meu relógio
só para não admitir que me atraso
mas sei dos seus horários
mas tudo isso é perca de tempo
Eu te sinto a cada batida de caminhão
no caos de cabelos embaraçados
deixados no ralo do banheiro
Estou tentando amar o poeta
no fundo da sala
e que nunca me mostrou um único verso
o divorciado que só amou uma vez
o virgem tarado
o rapaz das flores...
Estou tentando amar
a minha frágil renúncia à lembrança hospedeira em um espaço exacerbado demais dentro de mim
Eu prometi que não ia mais te escrever
mas a chuva inundou a rua
e eu lembrei do choro que alagou
seus grandes olhos azuis
Novembro e ainda penso em você
cansado exposto ao sol e ainda sinto piedade e ainda me imagino
te cuidando como um protetor solar
O ano está acabando
imploro aos fogos
e rezas à Deusa do mar
para te esquecer
deixo todas essas poesias
endereçadas a você
Sei que mulher nenhuma
te escreveu tão sem motivos
Eu amo o que criei
de inofensivo em você
amo a inspiração
o diálogo que nunca tivemos
seu beijo ausente
amo cada verso rancoroso
e prosa metódica
essa insensatez e, no fundo,
sempre achei a cor de seus olhos clichês
Clichê? A sua poesia não tem NADA de clichê.
ResponderExcluirEu definitivamente amo as tuas palavras!
O final é lindo e maravilhoso.
ResponderExcluirGyzelle... não há clichês quando nós cantamos e poetamos o amor!!!!
Linda demais você....
Encontrar sua poesia foi uma alegria nesse ano tão conturbado, com ou sem clichês (não acho que eles diminuem o poder da palavra, ao menos da sua)... Mesmo com o ano voando, o tempo foi quente quase sempre... Que 2015 seja de mais frescor! Você postou mais do que nos anos anteriores e produziu tanto e tão lindamente que eu vim aqui te desejar que assim continue... Muita fertilidade poética, lindona! E tudo de melhor... Beijos!! ;o)
ResponderExcluirOs olhos dele podem ser, porque teus poemas são originalmente o que me fazem morrer e renascer a cada vez que respiras.
ResponderExcluirBem vinda sempre à minha vida e que os bons dias sejam minha alegria na tua. Até 2015.