Os sonhos dela são mais curtos do que as roupas que frequentemente usa,
e mais longos do que o horário de voltar para casa
quando o sol já está acordando em um horizonte distante.
Com a ponta do cigarro Hollywood ela queima um purgatório particular,
o inferno enraizado em seu nome trocado por algo mais artístico.
Transa com a falta de amor em cada homem de olhos vermelhos,
enrosca nos lábios uma armadura e se dá por um preço mais barato
do que custa o amor nos livros de Jorge Amado.
Os olhos são tão tristes quanto os discos de Chico às três da manhã, e chora,
chora enquanto finge gostar.
Finge gozar, e goza da vida de personagens que possui.
Coloca em um diário as dores enquanto vaga na casa seminua de móveis.
Não há vagas em corações envernizados.
Esconde a tristeza com um lápis preto,
delineia um borrão que se assemelha àqueles sonhos caóticos
perdidos em camas pequenas.
Ela é poeta mas só mostra sua arte na cama de solteiro de um quarto
mais oculto do que o próprio passado, arte mal-paga, mal-usada, maldita.
Se perde na calçada de Copacabana,
na avenida Atlântica ou no céu da boca de algum homem perdido.
Ela paga um preço caro.
O amor é tão raro que ninguém ainda comprou.
Não tem jeito! Eu acho incrível como as palavras se rendem a ti e a (in)sensibilidade dos teus escritos. Você faz amor com as palavras, e o fruto é sempre essas obras de arte.
ResponderExcluirBjoo'o
Sabe quando você lê algo tão bom ao ponto de não ter o que dizer? É.
ResponderExcluirVocê é uma criadora de acasos e todos os casos são por tua conta
ResponderExcluiro que tua apronta reflete em ti, tu é o espelho de todas coisas que contas e o verso, é um universo de paciências.
Saudações
Ah, meu bem...
ResponderExcluirTe lendo eu penso em todo mal que me fizeram. E até a angustia mais acentuada vira vontade de ficar em paz, só pra eu ficar de bem comigo.
(deu vontade de escrever uma poesia sobre isso)