terça-feira, 23 de dezembro de 2014

a poesia é digna de possuir teu nome

tu grita de modo obscena essas frustrações, te deixam com cheiro de destilados caros, e culpa tu culpa os astros por esta moléstia. é o amor que te impulsiona a renunciar a eternidade. retorce os lábios de caju enquanto profana sacanagens em tom agudo, te despem desse vestido de veludo vermelho-surrada, então entra sorrateira no labirinto da boca de alguém. quando pensam que se perde, se encontra, mais límpida do que as águas de Búzios, desse Rio de Janeiro te deixa tão sórdida e solitária.

eu sei que chora quando desligam as luzes ao dormir, eu sei que os teus cabelos guardam os laços, tão sensíveis teus versos galácticos. descobri em ti um continente, um planeta próspero a vida humana, um amor desconhecido. geme enquanto o sol te abraça e te chama de pródiga filha. e tenta se findar enquanto vê as fases da lua a melancolia rasgada da imensidão desse céu escuro. eu te escuto, poetisa. eu gozo contigo dessa infelicidade e existir.

você vai continuar reclamando dos graus do rio e das cólicas e do maldito carteiro. eu daria todas as minhas vidas de encarnações só para ter um ensaio de teu amor igual por esse homem com os cabelos da cor de minha paixão monstruosa. essa ferida exposta no lugar do peito vai estar nas galerias. temo ardentemente que suas poesias fiquem trancadas em diários abençoados por algum Deus ciumento. que te rege e te vela canônica desde o ventre banhado por tuas próprias lágrimas.

tu é assim, já nasceu chorando, mostrando que sofrer é poesia. dos teus lábios mordidos muito escassos de amor e me mantenho distante refém desse amor. é esse amor que te mantém viva, poetisa. viva em mim

9 comentários:

  1. Primeira poesia que passo do caderninho azul para o blog.

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  2. Pensei que você não fosse postar essa. Que bom que postou, porque olha, acho que é a minha preferida.
    Incrível é a palavra que resume as tuas linhas.

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  3. Tu abarca o mundo nosso, tu nos leva a te ler, gosto e gozo maior no prazer de tuas leis, das que são impostas nas capitais. Penso que teu espírito é brasiliense, nascido no novo, na arte, no descobrimento em si, da gente Brasil, tu canta isso e é especial o teu grito nesse descobrimento. Posso "soar" utópico no meu comentário, mas é isso que penso enquanto sinto teus versos. Espero que você dê um VERDE pro caderno azul.
    Boas festas

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  4. Estrangeiro: Sofre é a fórmula da mais íntima poesia. Lindo isso Gy. So passei pra te dar um abraço e dizer que ainda sinto os encontros vividos como um tempo que suplica pra voltar. Me sinto dolorido e vivo lendo suas poesias. Bjus

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  5. Escondendo o jogo, né?!! Caderninho azul, potente esse, viu!
    ;)

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  6. "é esse amor que te mantém viva, poetisa
    viva em mim
    pois todos sabem ao olhar o reflexo perdido de seus olhos ciganos e miraculosos que no fundo você já morreu"

    Incrível, Gyzelle :}

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  7. Gyzelle, você é impressionante! Você sofre de uma maneira lindíssima!!

    Bjoo'o

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  8. Um texto forte e muito belo.
    Beijos e que o ano de 2015 seja um ano Bom.

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