segunda-feira, 2 de junho de 2014

Perpétua escultura de um delírio

Bebi suas linhas e curvas
Na sede que a boca tinha de rogar seu nome
Às paredes podres que guardam nosso segredo
À cama bagunçada como minha vida

Seus cabelos enrolados ao total desespero
Embolavam o som da sua melodia
Em retorno aos meus amassos
Seu amado corpo congruente ao meu

Vertendo o pulsar dos lábios à pele
Borrando de vinho o batom sem validade
As costas arqueadas de ternura
Dando sonoridade à infinitude de seu cosmo ocular

Se de súbito ela despertar pela falta do meu íntimo
Verá que nunca quis fazer versos
Conhecerá essa folha vulneravelmente pálida
E porventura que não sei rimar

Temerá o meu amor que ainda não existe
E os poemas que a perpetuarão como uma Deusa
Desejará morrer após tragar a manhã que se aproxima
Então implorarei que se afogue em meu choro
De escravo pseudo-apaixonado

Quando a aurora maquiar um novo dia
Eu a desejarei puramente muito mais que agora
E terei fome daquela carne crua, nua, magoável
Ao qual ontem satisfiz
E amanhã é ilusão

2 comentários:

  1. Boa tarde Gyzelle.. nosso delírio diário nos remete a fazer versos assim para expressarmos nosso Eu que tem fome de vida, que deseja algo mais para se alimentar..
    poesia ou teus belos textos sempre tem um ar de encanto pq tudo sai naturalmente de vc.. ainda espero poder fazer versos assim, sem as rimas que são minha doença.. abraços moça querida

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  2. Obrigada por perceber a naturalidade dos meus versos, Samuel, que bom que consigo passar isso sem nem ao menos dizer. A poesia me salva todo dia, creio que salve você também, mesmo que sejamos escravos dela. Volte sempre.

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