Embora espantasse a escuridão com a ponta fervente do próprio cigarro estendido entre os dedos minúsculos, ela ainda sentia o pânico do escuro dominá-la de forma rude e traiçoeira. Não era mulher de se lamentar, mas o destino a castigara com um coração tão vulgar que lhe fora entregue quando ainda nem era humana. Ela se desfazia como aquele cigarro longo, ia vertendo-se ao pó, enroscando-se ao vento, no beco da rua suja. Juntava-se ao nada e fecundava de suas palavras a sentença da derrota particular.
Desejava ser mais corajosa para enfrentar o escuro, tinha medo de fechar os olhos no parque, temia que lhe roubassem a alma. Mal sabia ela que já não possuía identidade, que se tornara incompleta por inteira. Já não se olhava no espelho pois seus grandes olhos sanguessugas eram portais para o abismo. Teve medo de si mesma. Se perdeu na própria esquina, na brecha do machucado causado por algum amor impossível. Ela é o próprio beco imundo. Constatou que nunca fora humana, era algo mais doído do que isso. O cigarro morreu sozinho e contribuiu para a sujeira da rua: seu corpo.
Fico sempre sem palavras ao te ler. Confesso que sinto ir no mais profundo de mim.
ResponderExcluirOlá, Gizelle, tudo bem ?
ResponderExcluirAmei a sua cronica.
Estou lhe deixando um...
CONVITE
Passei por aqui lendo, e, em visita ao seu blog.
Eu também tenho um, só que muito simples.
Estou lhe convidando a visitar-me, e, se possível seguirmos juntos por eles, e, com eles. Sempre gostei de escrever, expor as minhas idéias e compartilhar com as pessoas, independente da classe Social, do Credo Religioso, da Opção Sexual, ou, da Etnia.
Para mim, o que vai interessar é o nosso intercâmbio de idéias, e, de pensamentos.
Estou lá, no meu Espaço Simplório, esperando por você.
E, eu, já estou Seguindo o seu blog.
Força, Paz, Amizade e Alegria
Para você, um abraço do Brasil.
www.josemariacosta.com
No abismo encontram-se todos os sentidos.
ResponderExcluirDe nada adianta enxergar estrelas,
se não tocamos nossas regiões abissais...
Teu blog me toca...