por mais esquisito que pareça
te escrever depois de tantas idas
é permanente te amar nesse estado
ilícita, dormente, de versos moles
sem a pretenção de reter seu retorno,
mas ainda prezo que volte
não somente ao te investir em versos
mas no terremoto do toque do eco
quando passo as mãos em seus sentidos
parte do dom de apontar o inferno
dizer que o frio não existe,
que é tudo coisa dos olhos
os mesmos olhares de adjetivos
indefinidos que você se refere na gama
indiscreta dos poemas arquivados,
dóceis meninos de mãos inquietas,
as crias que você deixou pelos bairros
hoje navegam no rio da infância
a cidade nunca foi tão desproporcional
desde quando algum de nós partiu
algo em mim
sempre há algo
indo
me pedindo para ir
entretanto há algo em ti
vamos
eu continuo sem saber quem voltaria
a realidade é que se estende entre o nós
além de estradas a distância imaginada
entre o cão e o gato
ou a figura de um romance que só
poderia dar certo se comendo
ou co-existindo
tem dessas coisas paranóicas
os românticos contemporâneos
que se espelham nos livros,
e eu sei que você caminha sob os seus
por dentro da poeira, do seu relógio
sempre atrasado crente que haverá
tempo pra o amor, mas não esse
o nosso você reservou apenas
para dizer que amou daquela vez
como se fosse a última
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