terça-feira, 17 de março de 2015

Capuleto

hoje não venho te falar sobre o amor raivoso que me morde
nem dos braços estirados. os calos nas solas dos pés. 
se a poesia me permite eu vim lançá-la
em suas pupilas sensíveis pairadas
no horizonte explosivo de azul
somos todas essas estantes cheias de histórias
e livros de poeira

meu coração não é o protagonista dessa poesia
eu sou a vida dos meus pais
e a velhice me assusta
a morte seca de um arbusto. 
uma mão como um mapa me guiando com cautela.

não te falo agora de dramas sensacionalistas 
dos erros de português e corretores automáticos 
mesmo só falando a língua dos deuses narcisistas 
que pintam essas palavras de vermelho 

eu lanço em seus braços o peso de morrer sozinho
sem musas de sonetos 
ou Julieta de um Shakespeare louco
pois o ônibus passou do ponto logo quando
eu já nem penso mais em te esperar

3 comentários:

  1. Que imensidão!
    Fiz um passeio nessa montanha russa, fui do alegre ao triste, do entendimento a compreensão. Ler e reler teus poemas é sempre uma boa viagem. Obrigado.
    Saudações.

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  2. Também li e reli o poema. É excelente.
    Beijo.

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  3. não dependa do ônibus pra chegar a lugar nenhum, nem do ponto de ônibus pra pedir parada. me surpreende você ser tão grande tendo a altura que tens.

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