sábado, 21 de março de 2015
notas sobre um desespero cotidiano
nesse verão de manhãs rosadas eu procuro nuvens que salvem a seca anunciada nos jornais e temo a tempestade nos olhos de passageiros de ônibus sem bancos para sentar. os bancos só abrem depois que o asfalto está quente demais para andar descalça e na calçada sonha alguém que dormiu olhando para a lua em seu estado minguante. o estado todo está a mínguas de parar de acordo com o horário de brasília. todo o rio de janeiro só quer saber do fevereiro feito de cinzas. o rio esquece que eu gosto de postes poetizados e de muros artísticos, minha poesia é tão marginal quanto a avenida e esses tais pedaços urbanos estampando crônicas. não haverá umidade no outono, a cidade sangra até na televisão, a cidade pensa que a censura é bonita, as prostitutas são ainda mais lindas. não quero usar devidamente a língua. a poesia é tão minúscula quanto eu aos 20 e há um pedido de socorro nas ruas a cada frase não dita ao meio-dia. tudo isso é tão cotidiano que até rima
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Amei esse seu poema crítico.
ResponderExcluirCom verdades tão deprimentes mas ditas de uma forma tão bela... Esse é o poder da poesia embelezar o cinza das avenidas.
Genial!
beijos.
Sufocante as sombras dos dias dentro da cidade. Gritante, o cinza da tua existencia diante do azul do ceu. O desespero do teu corpo pequeno é grande, nítido. Tua poesia é grandiosa!!
ResponderExcluirBeijo'o
aos vinte você é grande, gyzelle.
ResponderExcluirSinto que essa poesia carrega nas frases, uma tristeza resignada a mesma que parece tomar conta de muitas cidades do Brasil, que esquece do que gostamos.
ResponderExcluirSaudações.
O Rio tem gritado por socorro faz tempo mesmo e junto com ele um eco de outros pedidos de ajuda por todo Brasil, por todo o globo. Sua poesia aponta os perigos e ao mesmo tempo revela alternativas para esse cotidiano tão censurado e cinza.
ResponderExcluir;o)