as folhas nasceram em árvores nuas
os amores renasceram virgens
há fila em todo lugar
bancos e boates
e eu que só ando com botas apertadas
sinto que há espaço pra voltar à pé
sem nada em mãos
só mais um aperto na garganta
como se as palavras quisessem me estrangular
ou talvez seja só essa sina de ser uma escritora suicida
manipulando o meu silêncio
não dá para sair de saia
nem esquecer amores platônicos
como quem deixa o isqueiro em casa
eu moro perto de todas as praias do rio
e não sei mergulhar
a não ser em seus olhos
de outra cidade
isso é o que chamam de amar
E tudo parece nos apertar quando distantes de um amor.
ResponderExcluir" as folhas nasceram em árvores nuas "
Esse trecho parece acolher a eternidade.
A poesia completa é incrivelmente linda (até o pedaço de morte), mas o trecho "e não sei mergulhar | a não ser em seus olhos" ultrapassa todos os limites que a poesia já teve. Essas palavras tão simples são de uma intensidade avassaladora.
ResponderExcluirEnfim, você vem se superando cada vez mais!
vc não mergulha, pois é a própria água e sua finitude, gyzelle.
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