ainda durmo estirada em nossa cama
ainda dura, ainda manchada
mas ainda é abafado se nos beijamos
debaixo da ducha, em apneia
a casa agora é mausoléu insone
a mesa dos restantes abdicados
fora devorada pelas moscas,
a casa persiste em reviver o barulho
das gotas vertentes de nós,
que ironia todo esse silêncio proferido!
ainda revivo os olhos úmidos
junto à coleridade esfacelada do teto,
de uma ganância da placidez...
cada coisa em seu lugar fora mudado
mas ainda há na bancada o faqueiro
a pia escangalhada e mais
algumas novidades hitchcock
se eu troco disco, mais uma vez
você se despede sem levar as chaves
mas se eu fico sentada no balanço
enquanto te ouço espreguiçar os tons
é possível que amanhã eu te encontre
atrás do sofá esquentando o almoço
é possível que você esqueça de partir
quando lembrar que a casa é também
sua aqui dentro, meu amor. a casa está vazia
In notas de papéis de parede
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