domingo, 20 de maio de 2018

Grãos

1.0

cheguei à praia, uma coisa frenezi, uma tontura de chegar, a margem parecia descrito um campo desfrutado, submersa, digo, inteiramente imensa, avancei a superfície, e de súbito Uma onda encharcou de manto uma metade espessa do corpo. De espuma grama e sal Bem que arranquei uma âncora e nos pés uma corrente de corais avançou-me, bem certo que de espanto afundei de boca aberta. gosto de gostar um gosto azul do céu do dia da praia, quando finca a cicatriz na camada da pele, faz sol que tem gosto de verão na boca, quando a gente avança A distância fica maior, mas tem vezes que o gosto da terra é de um Açaí Maduro, e a infância um destino

escrevo em prosa sobre essa onda, e sinto não ter chegado além do sentimento, e me senti indescritível por que há Não poder tocar nas palavras O mar amortecido, o que é que diga Sinto muito. volto à imagem da praia seca, descrevo molhado a pele Em instantes, grãos macios, nuvem erguida e embarcações, mais distante do que eu, o corpo

guardo no bolso o jornal aguado, e as letras uma fotografia

vejo o mar e as pedras, Duas bocas, os beijos, aos berros, de espuma e uma alegria me confunde com ? procuro palavras. sinônimo de tristeza é esmorecimento, e por não me sentir triste Acho que o sinônimo do meu sentimento não tem nome. mas decidi dar nome à praia e digo imagine Se a gente fosse dar nome a tudo que encontra, achei curioso que tivesse decidido dar um nome à praia e soube que era vontade de denominar o que eu sentia, e achando lugar nesse nome, acharia meu lugar no mundo. mania achar que no mundo eu tenha nome e não ache lugar, mas pensei ter encontrado nas duas juntas um só sentimento

2.0

que susto foi quando te perdi, e sei que quando digo que perco Falo da tua parcela tua fratura imagina praia Grão a Grão e tu o grão de metade da praia, então faz parte a gente se sentir partido, sentindo deserto em frente ao mar É que seu corpo foi lançado Então estou me perguntando E você? eu sinto lá no fundo. reencontro

as vezes costumo contar, fazer as contas perder as contas mesmo que, voltando à infância, tenha sido dispersa quanto aos números, mas eu conto os dias Quando vi numa notícia números maiores do que calcular nos dedos, vi os números dois mais dois ser dois dois, mas é que somando achei que dois números juntos fosse outra coisa, e tem dessas coisas que vão além dos números

4.0

(...)

5.0

sabe quando se descobre um cheiro novo, e sente mais do que dá nome, é feito assim que era a praia até que quis dar nome Os irmãos. praia seca, goela fluída Lembro de afogar de boca aberta, dizendo de um sentimento arenoso, desse estou móvel. quando o céu escorre faz tremor de acontecer no clima da terra uma depressão, mas sentir a firmeza da onda dá certeza, gosto de açaí no céu da boca. faz um tempo que não vou a praia, mas guardo na Bagagem espuma, e quando o som toca os dedos shhhhh

é que tinha cinco anos quando isso aconteceu E agora? pergunto é que me sinto perdida também. mas a praia de encontro e dava nomes e foi assim que soube Sentia um Sentir procurando palavras

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