domingo, 27 de maio de 2018

Gozo

deitado na cama pensei nos caras, nos volumes de seus bolsos
de manias do olhar de lado, e foi assim que conheci Jorge,
na Travessa, de mãos dadas, esperando o filme X men
a gente foi direto pra Botafogo
encarar o mar de frente e costas
e aquelas costelas, o gosto de Brasilidade
escrevo no livro azul que me deu
depois foi depois do bar
as amigas cheiravam Arruda
foi que depois do banheiro reparou minha boca
e quis beijar de lá a gente foi pra cama
e perguntou se eu estava feliz
fui embora pela manhã de domingo
outra vez foi bem amado
mas a gente não podia tocar mais dentro do que carinho
e do nada a gente foi findando
foi tocando a flauta que aprendi tocar
seu corpo de urso, seu gato selvagem
de frente pra Cristo
sinto-me pureza, amar de braço aberto
foi que escalei e encontrei o mato torrando
acreditei ser tremor um sentir incontrolável
e agarrei teu peito, rígido e tenso
depois foi um acidente
subir lá em cima, correr atrás, ir depois
tanto de sede insassiavel de provar
mais Raimundos pelados in  Rio
mas é que por imensa vaidade e delicadeza
me sinto solitário no quarto
mas é que por me sentir sozinho e ter de lembrar
dos outros caras, me ache mais sozinho ainda
deixo-me tocar como bem queira
é mais gostoso me amar sozinho assim
escrevo, sentindo, com os dedos, um poema de orgasmo

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