domingo, 26 de outubro de 2014

Misticismo XIX

O bar do Pires está mais caro do que a birosca da esquina, o preço para esquecer amores corrompidos subiu desde que a corrupção tomou conta dessa baderna politicamente incorreta. O guri do sorriso malandro me ligou quatro vezes desde que sumi dentro dessa cratera aflorada em mim, o toque me faz valsar sobre a vontade de me dar, mas logo lembro que me sobrou tão pouco.

Então recolho cada vestígio do que me pertence e tento perambular pelas ruas sem demonstrar o choro porque sou um livro não lido, uma bíblia satânica, a lágrima escorrendo através de olhos dramáticos. A melancolia está costurada em minha blusa de malha, e talvez também na expressão exausta da face.
O bar não vende bebida alcoólica às menores dores.
O banheiro do botequim está mais limpo do que o meu passado, acho que os amores me fizeram suja e bruta e se sou bruxa é culpa do coração sangue-suga que sugou as minhas chances de ser uma mulher devota a algum Deus que silencie os pecados. Esse mal que me acompanha me faz entrar em bares e me faz beber poções mágicas capazes de esquecer você, doce pretérito imperfeito.

5 comentários:

  1. Esse teu jeito de escrever é admirável, gosto muito!!

    Beijoo'o

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  2. Uma escrita muito boa.

    Fiquei fã e voltarei.

    Beijinhos

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  3. A vida esta mais cara todo o dia, viver é quase uma agonia pra quer fazer poesia ...
    penso que deveríamos rever isso, afinal o que você faz é escola, a gente aprende contigo, crianças adorariam aprender assim, poeticamente a perceber a vida sempre presa por um fio. Sem dramas, mas penso que quem faz essa poesia tão humana como tu e outros, deveriam estar juntos, fãs de si mesmos e do comprometimento de ensinar que poesia tem a ver com individualidade e cidade.

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  4. Obrigada pelas palavras deixadas no meu "Ortografia". Passarei aqui outras vezes.
    Beijo.

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  5. me fez pensar em sexo e soou como um texto pornográfico.

    *feliz quarta-feira

    abraço.

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