terça-feira, 29 de maio de 2018

Imagino que sejas

Imagino que sejas um sonho,
lembrei de quando sorrimos distraídos
parecia beijo entrecortado
a gente parou e pensei no quanto
a gente é um pouco triste por sorrir assim
e senti alegria, sei de tua alegria

Imagino que sejas um sonho,
quando a gente se leu no escuro
só com o tom da voz ouvi teu medo
e tive medo de ficar em silêncio
mas nós ficamos o tempo todo

Imagino que sejas um sonho,
quando vi teu olho fazendo ternura
pensei que a mim sobrava o mel
derramado da boca do mundo
então de paraíso tenho o gosto
que pensei ter provado

Imagino que sejas um sonho,
quando te esbarro e quando
pergunto sobre a manifestação de hoje
é preferência por teu gesto
e torcer o rumo

Imagino que sejas um sonho,
enquanto recito as palavras
que te acordam sob a forma de poesia
enquanto te imagino ouvindo
o tom dormente da minha alegria

domingo, 27 de maio de 2018

estarei no banco ao Sol
acordada pelo ronco das vacas,
rodeada de frutos, do seu gosto

refaço seu caminho, ao meu encontro,
por adivinhação, que virás
antes do Sol deixar o banco
e antes de mais nada,
te enchergo em silêncio,
apenas as folhas murmuram,
tua chegada

nossos olhos se acham
e você senta ao meu lado
feito se fosse segredo nosso lugar

permaneceremos de bocas imóveis,
de repente, quem segura minha mão
é a memória, quando escrevo sobre teu caminho

tua boca diz coisas que não posso prever
o contemplar do silêncio no banco do Sol
o gosto de Janeiro maduro

feito se fosse secreto estamos sozinhos
tem vezes que te espero acordar, sonho bom
é de tua chegada anúncio, solidão 

Gozo

deitado na cama pensei nos caras, nos volumes de seus bolsos
de manias do olhar de lado, e foi assim que conheci Jorge,
na Travessa, de mãos dadas, esperando o filme X men
a gente foi direto pra Botafogo
encarar o mar de frente e costas
e aquelas costelas, o gosto de Brasilidade
escrevo no livro azul que me deu
depois foi depois do bar
as amigas cheiravam Arruda
foi que depois do banheiro reparou minha boca
e quis beijar de lá a gente foi pra cama
e perguntou se eu estava feliz
fui embora pela manhã de domingo
outra vez foi bem amado
mas a gente não podia tocar mais dentro do que carinho
e do nada a gente foi findando
foi tocando a flauta que aprendi tocar
seu corpo de urso, seu gato selvagem
de frente pra Cristo
sinto-me pureza, amar de braço aberto
foi que escalei e encontrei o mato torrando
acreditei ser tremor um sentir incontrolável
e agarrei teu peito, rígido e tenso
depois foi um acidente
subir lá em cima, correr atrás, ir depois
tanto de sede insassiavel de provar
mais Raimundos pelados in  Rio
mas é que por imensa vaidade e delicadeza
me sinto solitário no quarto
mas é que por me sentir sozinho e ter de lembrar
dos outros caras, me ache mais sozinho ainda
deixo-me tocar como bem queira
é mais gostoso me amar sozinho assim
escrevo, sentindo, com os dedos, um poema de orgasmo

domingo, 20 de maio de 2018

Grãos

1.0

cheguei à praia, uma coisa frenezi, uma tontura de chegar, a margem parecia descrito um campo desfrutado, submersa, digo, inteiramente imensa, avancei a superfície, e de súbito Uma onda encharcou de manto uma metade espessa do corpo. De espuma grama e sal Bem que arranquei uma âncora e nos pés uma corrente de corais avançou-me, bem certo que de espanto afundei de boca aberta. gosto de gostar um gosto azul do céu do dia da praia, quando finca a cicatriz na camada da pele, faz sol que tem gosto de verão na boca, quando a gente avança A distância fica maior, mas tem vezes que o gosto da terra é de um Açaí Maduro, e a infância um destino

escrevo em prosa sobre essa onda, e sinto não ter chegado além do sentimento, e me senti indescritível por que há Não poder tocar nas palavras O mar amortecido, o que é que diga Sinto muito. volto à imagem da praia seca, descrevo molhado a pele Em instantes, grãos macios, nuvem erguida e embarcações, mais distante do que eu, o corpo

guardo no bolso o jornal aguado, e as letras uma fotografia

vejo o mar e as pedras, Duas bocas, os beijos, aos berros, de espuma e uma alegria me confunde com ? procuro palavras. sinônimo de tristeza é esmorecimento, e por não me sentir triste Acho que o sinônimo do meu sentimento não tem nome. mas decidi dar nome à praia e digo imagine Se a gente fosse dar nome a tudo que encontra, achei curioso que tivesse decidido dar um nome à praia e soube que era vontade de denominar o que eu sentia, e achando lugar nesse nome, acharia meu lugar no mundo. mania achar que no mundo eu tenha nome e não ache lugar, mas pensei ter encontrado nas duas juntas um só sentimento

2.0

que susto foi quando te perdi, e sei que quando digo que perco Falo da tua parcela tua fratura imagina praia Grão a Grão e tu o grão de metade da praia, então faz parte a gente se sentir partido, sentindo deserto em frente ao mar É que seu corpo foi lançado Então estou me perguntando E você? eu sinto lá no fundo. reencontro

as vezes costumo contar, fazer as contas perder as contas mesmo que, voltando à infância, tenha sido dispersa quanto aos números, mas eu conto os dias Quando vi numa notícia números maiores do que calcular nos dedos, vi os números dois mais dois ser dois dois, mas é que somando achei que dois números juntos fosse outra coisa, e tem dessas coisas que vão além dos números

4.0

(...)

5.0

sabe quando se descobre um cheiro novo, e sente mais do que dá nome, é feito assim que era a praia até que quis dar nome Os irmãos. praia seca, goela fluída Lembro de afogar de boca aberta, dizendo de um sentimento arenoso, desse estou móvel. quando o céu escorre faz tremor de acontecer no clima da terra uma depressão, mas sentir a firmeza da onda dá certeza, gosto de açaí no céu da boca. faz um tempo que não vou a praia, mas guardo na Bagagem espuma, e quando o som toca os dedos shhhhh

é que tinha cinco anos quando isso aconteceu E agora? pergunto é que me sinto perdida também. mas a praia de encontro e dava nomes e foi assim que soube Sentia um Sentir procurando palavras

quinta-feira, 17 de maio de 2018

Caderninho azul

Esse caderninho azul é tão manhã 
assemelhante assim ao céu das seis,


Esse grafite é frágil
quanto os amores que tenho criado,

Desde que hospedei a solidão no quarto,
quarto andar

Atrasei fonologia, roí as unhas que guardei para o dia
que esbarrasse com o carteiro no último banco do ônibus azul

O azul me esquenta

Caminho, e acima da cabeça, algumas aves
aquelas quais não sei especificar,
mas que parecem nadar no azul pacífica angústia imoral

Você também navega no meu caderninho azul,
imenso de manha quanto o céu da sua boca 



quarta-feira, 16 de maio de 2018

se for pra ir eu volto

tomo pra fora uma camada laranja a textura da tarde, prefiro o café de jejum, o corpo despreparo, tem alguma coisa for a do ângulo. rasgo folha de carta carta escrevo uma outra, de repente digo aquilo que devia ter dito, não volto mais atrás, lá distante se a gente se encontra digo volta. tem das miudezas as maioridades, o dom de proclamar tragédias e caprichar na palavra. não voltava atrás. agora diz por onde vai? se não for tarde demais.

segunda-feira, 14 de maio de 2018

baião de dois

podemos prever juntas
nossos futuros,
ir à feira tardezinha
desfrutar das frutas
na mesa da sala
cozinhar arroz dia sim,
dia não

contigo
cozinhar é carinho
é dengo estar contigo
chuviscar o feijão na panela

vão dizer abobrinhas
entre o espaço
do trem e a plataforma
vamos chupar muitas uvas
e roer rapadura
e vou cutilar suas unhas
minha heroína

te dizer da rebeldia de agora
de um modo carinhoso
porque desse desjeito
é a gente se amando
só de olhar
só dos olhos

a gente vai falando
assim desjeito
feito sanfona cantando de noite
de manha a gente se ama

basta te olhar e vejo
todo o sertão colorido de si
que é bonita alegria posso
até imaginar a gente lá
na frente dançando

quinta-feira, 10 de maio de 2018

014

borrei teu nome nos versos
só pra gritar a bagunça urbana
que tu deixava em mim

no corpo grafite
rascunho indiscreto
assinado pela tua língua mundana

bebi dos lábios café
todo o líquido me abraça insônia

é que me borrava
no queimar de bocas profanas

até ficar completamente assim desnuda

na ânsia o corpo dizer
da paisagem abrir os olhos você 

410

Cheguei al auge.
Do.q7e pode.se.dizer.Walmir 
 Fontoura pode.ser diEr tanto 
Tanto.que.se faz.ah.sei urso.ou luxo 
Faz.tempo que.a.gente.se.vê.r.se.se.Faz.
Ah.desculpa.por.tropeçar.nas.intenções 
Faz o tempo 1ir se.Faz assim
Comi.2Ken sabe se e.é foi 
Desfilaram olhar caso um 
Fornecensino 

Acorde

O acorde de início quando a gente dormia.

Assim feito os goles de cachaça
o mel que a gente melava metade do corpo
ou parcialmente tudo,
ou quando se corria e morria antes de chegar.

Na praia, por terra, em qualquer lugar de harmonia.

É ali o lugar que a poesia podia se formar,
então pensei em dormir de novo,
em algum lugar exposto em teu corpo,
ciente de que alguma hora acordaríamos
"um pouco da realidade"
sabia que não vinha em doses amenas.

Dilatado, quaisquer pedaço, inexplícito
e bem ali, onde se espera poesia, corroía o dia findar.
Dormia aguardando algum dia despertar
melado, ao teu lado. 
tento outro poema/
por vez
é mera distração 
dos fatos 
as rimas não brotarem 
feito as plantas incubadas 
na varanda de Sol ate as 15h 
e mesa para fumar 

mas feito ciclo do infinito
Ou teoria Divina imagina só
Uma tela de Virgot
À'la construçiõn de Jôh 
tento de novo e de novo de novo/
novamente

desistir me parece 
aquele fim que ninguém esperou 

e bem que decidi prosseguir
confesso 
quando vi os olhos 
de esperança/espera/
no rosto de minha velha 
parecia enfim

ainda não findou a mim