terça-feira, 13 de junho de 2017

Relicário

eu vejo como o mundo
te agride 
ladeira abaixo
dos instantes
insistentes em fazer
choro do que te toca 
é que o sol te ama
a lua e eu aqui miúda
te amando 
com a força veloz 
dos moinhos 
e das asas da libélula 

sei dos seus esboços 
mas pouco se sabe
da solidão 
te impregnando 
só essa sombra
queimada de fotografias
o muro de pedra
som dos seus pés 
indo rumo a nada
que nos constitua 
como um par 

e lamento que não 
possa enxergar
toda poesia 
que me faz te dizer 
como é lindo 
saber seus planos
deleitada sob o retrato
afundado pela manhã 
das horas não dormidas 
assim feita de aço
e lágrima seu peito
tão delicado 
seu sorriso
apagado na areia 
das estações 

sem que saiba 
decorei seu abismo
todos os destinos 
e seguiria contigo
mesmo que as palavras
além de nós
desfilem inibidas 
a busca de conforto
em lábio selado
assim deliro 
por seu gosto
como se preferisse
sua fonte inteira  
às águas do planeta 
ou todos os espaços
só coubessem
no buraco
que você se enfiou
e no qual me lancei
pra tentar te abraçar 
e dizer que tudo
basta calma
pra alma 
descansar 

posso te ajudar
a enfrentar o afeto
dos planetas em órbita 
as vagas impressões 
o desconforto do verão 
ao seu lado
enfim te transpassar 
além dos 
limites do corpo
te ver passar 
mal sabe você 
o bem que faz 
te amar 

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