Embora espécime
Fogosa, atentava quanto
Aos ruidosos arcos Iris
Que surgiam de súbito
Espelhados pelo reflexo
Dos vidros expostos
Frajola dormia íntegro
Parcela das manhãs,
Tardes, e quando descia o sol
Escalava quaisquer lugar
Gostava de revirar gavetas
Chispava em espanto
Do que se revelava,
Oculto por debaixo
Oculto por debaixo
De globos solares
Tinha certeza do apego
A nos amargar olhares,
Rasgava os tecidos
Deitava sob a cama
Na ausência dos corpos
Livre e foguento
Aos momentos de euforia
Amava os cantos.
Os buracos se enfiava feito cão.
Mas era delicado,
Se sabia da manha
E reluzia muito.
Ao fervor das pedras
Felino despojado,
No inferno se dizia dos cheiros,
Foi então que desvendei
O maravilhoso cheiro
Na pele da nuca,
Todas as flores na pele
Gostávamos de atravessar
O caminho mais longo
Atentas às clareiras dos raios
Os reflexos intensificados
Por passagem lânguida
Dos tons vertidos
Pela manhã ensolarada
Doíam diante
Às banalidades
Mediante às horas líquidas
Frajola descobria
A ilha desconhecida
No fundo
De onde
Não se pode chegar
Não se pode chegar
É preciso sair de si
*título trecho O conto da ilha desconhecida, j. Saramago
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