deixando a poesia
no mundo
como um susto
hino de misericórdia
carta extraviada
pelo destino
pois a minha identidade
é anônima
a cor do esmalte
desbotou enquanto roía
o tempo líquido
e as palavras distraídas
se transformaram
oração
amem
amem
deixo os rabiscos
no armário
pois só creio
no descanso
almejado
desde a primeira
falta de rima
no planeta de homens evoluídos
não há mais chances
de viver em olhos rasos
mas a maré sobe
o dilúvio
arrastando
discurso sobre
a seca no coração
de quem naufraga
no planeta terra
somos compostos por água
e despedida
quando a ferida exposta
gera matéria prima
então exponho ao sol
pouco de rima
para suprir sede
que a poesia
desconhecida
tem de se afogar
no amar
amém
(2015)
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