o amor me tirou da cama
extraiu a armadura de sonho
e enfiou o dia goela a baixo
ardendo, suplicou um banho
o amor marca nas partes macias
expulsando dureza que achava possuir
e esse coração tem validade
mas o amor...
ah, o amor não tem hora
me atrasa e me retém mas tarda tanto
que de súbito recordo não saber amar
mesmo que o mar esteja a quinze passos
e tenha aprendido a nadar na prosa
de braços largos
o amor fez insônia
e também manchas
anoitecidas
no contorno dos olhos
aspas em discursos embargados
sob luz da lâmpada
mas amo o sol
só por querer amar só-lar
em dia morno de céu azul
esse amor paira
no cálice do peito
e indaga sobre o ritmo da poesia
que move
mobiliza
e desvia da cama
no dia azul
o amor é manso igual milagre
e tão salgado que estou sedenta
cada vez que choro
ah, os olhos, o amor
está conservado ali
inerte e furioso
aguardando amanhã
com expectativas de tempo aberto
e tudo azul
(...)
Tu é arquiteta, tu vê a vida em plantas. Eu gosto e gozo essa flor de força, que da tua poesia nasce. Amo, essa tu indiferença de veludo, amo o teu dourado no piano.
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