segunda-feira, 23 de novembro de 2015

reparar

olha pra mim, para e repara um instante até que os olhos lembrem de piscar. dá um tempo pra me olhar assim de frente, senta e aguarda o fim da tarde que aflora em meu peito toda vez que esqueço meu corpo em sua cama. calma, te peço com fluidez sempre que o suspiro vira motivo pra uma rima de um sorriso entrecortado e ah, seu beijo é mais banhado que poça d'água acumulada nos olhos por qualquer fração de ternura, e... irei constantemente falar dos olhos desde que parei em você. é porção de disritmia, colóquio em praça pública, pudor. ouço seu coração tagarelar em tom esquizofrênico, mansa repouso na camada mais sensível de seu corpo e em silêncio denomino de templo esse lugar de descanso. descalça encardo seus lençóis, embaço copos de vidro com batom e te chamo pra guerra que é amar uma mulher sentenciada pela própria poesia revestida de óbito. as manchas de café e mordidas, seu sono em pleno fim do ano, quero estagnar esse sonho que relato com o toque da língua na ferida exposta que encontrei ao entrar em sua casa, seu mantra. os livros na estante não justificam meu amor retraído em busca de uma liberdade que é necessária pra mim, sabe? olha pra mim, as lesões nos cantos das unhas roídas e essa ansiedade, é tudo um resquício de memória, um enterro prematuro, não é por mal a nossa morte em mim toda vez que me visto de alforria e trepido madrugada entre ruas de nomes próprios. eu preciso que foque até cansar de decifrar e só lembre que é tudo bagunça assim pelos cantos jogada de mãos desarmadas com um atestado de contusões narrando contudo que é tudo uma parcela de universo, ah, não sei... repara, é o que nos move.

repara, estou sem manual, não tenho conserto.

2 comentários:

  1. Mas tem um concerto de 12 violinos, nesses teus cabelos ao vento. Nessa voz que expande,gritante no silencio do Universo, onde se deitam teus cheiros e versos.
    Alegrias.

    ResponderExcluir