sexta-feira, 8 de maio de 2015

Devo chamar essa poesia de despedida?

devo chamar essa poesia de saudade?
ou são os seus olhos perdidos
na cidade
me atordoando
qualquer esquina endereçada
até seu nome indigente
dentro de mim
corroendo qualquer chance que tive 
de escapar sem ressaca
as olheiras condenam
sua voz desconstruiu toda prudência
que botei na cama
e fiz cafuné
porque o medo sempre esteve
até nas poesias que ocultavam o seu nome 
não é sobre o amor que as canções de amor falam
é sobre o nosso cansaço
mas eu também estou suada
e há tempos não arrumo o quarto
não falam de você nos grandes clássicos
porque é só mais um
joão-
ninguém
reparou que os prédios estão muito altos
enquanto a gente se aperta
nas ruas que sobram
quase nada nos resta
mesmo te olhando distraída enquanto recita
obras de Fernando Pessoa ou a garota da rua São Clemente
eu admito que continuo escrevendo minúsculo
querendo diminuir esse escarcéu tão imenso
quanto o seu silêncio de rotina
ninguém nos sobra

só essa saudade maior do que os prédios do bairro restou
recordando que o título vem depois do poema
e você não

5 comentários:

  1. As ruas, as pessoas a necessidades delas (todos nós) cabem respeitosamente nessa página. Eu nem sei te imaginar sendo "antena" desse teu mundo, mas tu é e é; digníssima de ser a atriz representando o amoroso do teu povo.
    Saudações.

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  2. intenso... Lindo e Louco...
    Duas pontas de cigarro no oco.
    Uma xícara sem colher de chá...

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  3. Garota da rua São Clemente
    Por que mente, assim?
    Quero te contar tantas verdades
    Não fujas de mim

    Ô menina, vem
    Vem, vai ser diferente
    Deixa de lado a vaidade
    Lembra da nossa vontade
    E vem

    Pra Voluntários sim
    Tomar uma Boazinha
    Sorrir feliz pra mim

    —continua—

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  4. Um poema de um fôlego amoroso e melancólico... Gostei.
    Beijo.

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