quinta-feira, 29 de março de 2012

Minha vida acabou no instante de tempo entre doze andares

Um grito eu ouvi, nada mais aconteceu. Apenas um grito e meus ouvidos estouraram. O dia tinha sido monotonia, somente eu que mudei, as flores estavam no mesmo estado, o sol estava quente como sempre, eu não.

Corri para o quarto e estava sangrando. Meus ouvidos sangravam e, sem voz, percebi que o grito era eu que havia dado. Queria espantar os fantasmas. Fui em direção à janela e a abri, senti aquela brisa abafada de noite quente do verão, engoli o amargo que tinha na boca e suspirei. Aquilo estava indo longe demais. Era definitivo e eu queria.

Subi no parapeito e meus pés sangraram. Estendi os braços de forma ridícula, aquela cerimônia era desnecessária, morrer não é o fim.

— E aí me joguei — Pensei em algumas bobagens antes e depois não tive mais tempo para repensar. O vento brincou com meu rosto, meu peito era esmagado com a força em que eu caía. Vi o fim se aproximando e percebi: céu não haveria.


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