A leve brisa alisa meu rosto nesta primavera, é bem provável que ela queira levar um pouco da beleza que resta dessa pele cansada. Sinto como se estivesse sendo sugada, como se o que me certa estivesse levando todas as forças que restam neste corpo. O vento está impiedoso nesta tarde, quase que arrastando. As folhas velhas da estação caem secas, como eu. O vento alvora os cabelos fazendo com que alguns até venham em minha boca enrugada, de repente começa a chover no velho parquinho, a chuva lava meu rosto e, consigo, sem permissão leva as lágrimas.
Meu rebelde peito começa a tremer fazendo com que a camiseta encharcada siga o ritmo acelerado. Os pés esfarelam as folhas enquanto meus olhos inundam-se, passo a língua sobre os lábios, umedecendo mais com a saliva. Meu rosto estava completamente borrado de preto: consequência do forte lápis.
Sinto forças passarem por mim, acalentando-me, como se eu fosse uma criança que acabara de se perder dos pais, inocente e órfã de carinho. Sento-me no velho banco de madeira, milhares de fotos passam pela cabeça trazendo a infância calorosa e esquecida, deito-me cautelosamente fitando o céu tristonho e cinzento com os olhos embaçados, fecho-os e ali adormeço esperando a primavera ir embora para que o verão traga novamente minha vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário