Seus sonhos eram bem maiores que ela mesma.
Seu nome era Tânia, sua idade indefinida. Ela imaginava viver no país das alfazemas. Todos a chamavam de louca, mas ela se achava tão normal quanto os outros. Quem sabe ela não estava dizendo a verdade? Nunca fiz questão de saber. Eu sempre fui apaixonado pela menina de cabelos curtos e dos olhos de avelã. Sim, aqueles olhos pareciam avelãs frescas, acabadas de cair da árvore. Tânia nunca falava direito comigo, preferia correr no campo de trigo ao lado da minha casa, eu ficava a admirar pela janela aquela pequena criatura maravilhosa, era diferente de todas as garotas que já vi. Ela usava seus vestidos de renda rodado, cada dia tinha uma cor diferente, cores neutras e quentes. Tânia era assim, uma oscilação.
Certo dia ela apareceu aqui em casa, eu fui correndo atender a porta com aquele sorriso enorme. Ela estava com cheiro alfazema e rosas amarelas. Embriaguei-me por alguns segundos até encarar seus lábios avermelhados. Chamou para correr no campo com ela, fez apenas um gesto e pude entender, segurou em minha mão e eu tremi. Definitivamente, tremi e a segui. Corremos algumas horas pelo campo sem abrir a boca um só segundo, nos comunicávamos apenas atrás de gestos, olhares. Depois de esbaforidos nos deitamos ao chão, encarei o céu, pois não tinha coragem de olhá-la. Tânia murmurou algumas palavras que não entendi. Houve um longo silêncio, tão longo que duraram horas. Quando enfim tive coragem de encará-la para revelar meu amor, não mais consegui vê-la. Ela não estava mais lá. Não fui bom o suficiente para segurá-la por um dia inteiro. Voltei para casa, passou anos, passou minha vida e nunca mais vi a menina dos meus sonhos. Ela havia escolhido aquele dia de dezembro ensolarado para se despedir de mim.
Na verdade, não era Tânia que era louca, louco fui eu... Por ela.
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