quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

nesta manhã não sou pássaro

tem o peso dum tanque 
de roupas molhadas 
desbotando
o espírito 

os canhões enferrujados 
partem; 
debaixo do mar 
a terra seca

o rosto 
dorme à dureza 
dum algodão 

o tempo entrou
sinto 
no rastro 
dos astros 

atento aos buracos 
posso assistir à natureza 
a ponta rígida 
da língua 

por esta brecha 
o beiço banhado; 
alçar pegadas  

os beijadores
os pássaros 
das flores úmidas 

mas nesta manhã 
chego a ser 
ainda 
um chão 
que não recebeu arado; 

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