Dorme, meu filho
Dorme, meu filho
pois a sombra reclinada
é somente o encosto da cama,
deleite do teu descanso
Rostos às luvas
expostas fraquezas tuas,
descubras
o mundo moço
na palma das mãos
Quererás dessa mão dormente
apoio,
verás o rosto
em desespero,
mas serão gigantes
os teus poemas
Há de encontrar face
a te perturbar,
a solidão não será
mais somente tua,
mas de um desconhecido
Ao desvendar a glória
acreditará estar vencido,
talvez pelo ego
que te definhas,
talvez pelo gosto agridoce
no caldo da boca
Dorme, meu filho
amanhã sabemos que virás
ontem tu sabes que já foi
agora tens o sonho de um menino
Como um fervosoro devoto de Drummond, não posso deixar de comentar: às vezes só a poesia devolve o óbvio ao óbvio e sua dor de doer. "amanhã sabemos que virás / obtem tu sabes que já foi".
ResponderExcluirBela referência ao grande bruxo. Acredito que o itabirano estaria satisfeito com a crueldade do seu simples. O desejo é que num futuro desse tempo possamos reconhecer nossa irmandade, e construir um mundo para todos. O que fica pra mim da poesia é sempre um clamor pela justiça. "a solidão não será / mais somente a tua / mas a de um desconhecido" é uma bandeira pela qual lutar.