escrevo, atuo, construo o meu papel
torço as palavras contra o meu favor
e me revelo sem a nitidez
das lentes,
dos espelhos ao redor cravados
nos rostos,
me reconheço desigual,
o mundo assim me reconhece,
como se já existisse uma igual a mim
que não me pertencesse
mas que fosse mais apurada
do que o gesto do próprio existir
(o meu)
uso muitas vezes o eu,
ao me repetir busco encontrar
a minha diferença,
o meu momento preciso de indecifrabilidade
são nesses encontros de fragilidade pura
em que o reflexo se confunde,
quem eu sou
?
o que arrasta a minha escrita
não mais minha
já não precisa
sou todas essas cópias de uma só palavra
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