segunda-feira, 15 de julho de 2019

bem que te-vejo e te-beijo

recitei o poema do gozo e do sonho
ele sorria enquanto todos sorriam
mas eu olhava pra ele dizendo
eu estou dizendo pra você
é sobre você tudo isso

de poema e de beijo inacabável
ele me abraça e eu nem sinto
os pés ao chão
pode ser que pelo tamanho
ele considere que me levanta
mas eu sei que é porque
me sinto de asas dentro do peito
saltando meu corpo

eu me despeço dizendo gosto de tu
e ele não sabe mas eu gosto
é tanto que fico sem saber
o que dizer e assim digo
que gosto somente, de tu

e ele me liga com a voz
de um sono estranho
eu penso que talvez ele possa dormir
e me esquecer ao acordar
penso no medo da morte
que ele diz ter e por estar tão viva
compartilho desse medo da morte dele

de morrer eu não tenho medo
só de amor, esse medo eu tenho
porque me conheço morrendo
e não quero morrer disso sozinha
e as noites vagando à vaidade 

ele me chama pelo nome inteiro
e lembro das mulheres
que o olham inteiro também

ele se vai no ônibus mais demorado
e assim eu gosto porque o beijo
se prolonga mais lento 

esqueço de olhar a hora
e para onde iríamos senão à cama
ele me beija tão delicado
que me imagino na boca de uma flor

eu digo o seu nome entre-lábios
e ele me sorri beijando florindo
tão delicado ele me beija
que me imagino um beija-flor

3 comentários:

  1. Teus poemas são sempre cheios de verdade, profundidade, entrega... é sobre recuperar o que não se sente... e de fato eu tenho mais medo do amor do que da morte.

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