sábado, 27 de julho de 2019
Anne Sexton já dizia: O amor e a tosse não podem ser disfarçados, Nem mesmo a pequena tosse. Nem mesmo o pequeno amor.*
tenho feito isso pela vida
tenho sido displicente
mas é que tenho
tenho vivido esse poema
então o coração diz coisas
?
é leve e tão dormente
que quase me sinto lúcida
que quase me sinto com os pés quentes
é como som de penas
ao pé do ouvido e sinto saudade
de sorrir não tão somente,
acompanhada de teu vôo
componho poemas de amor
sexta-feira, 26 de julho de 2019
não temerei as interpretações
a imagem do gato fica a roçar a cabeça à noite, pego a coca no freezer e acho que vai explodir, bebo espuma e sinto que o mar entra com ressaca nesses versos, diria que sinto falta se não fosse presente esse estado de estar profunda
dialogo melhor comigo porque eu me sento e tiro um tempo para me ouvir, em maior parte dos casos eu fico calada e isso é linguagem que eu dialogo com os outros
e quando deito sinto que é porque esse estar profunda me dá náuseas
queira que explique que essa náusea é indiferente ao que se passa fora das pálpebras, me toma e eu sinto que dormir me alivia das turbulências da vida
queira que eu explique que a vida me dá cansaço de explicar já que a mim basta que fique em silêncio
boa noite
quinta-feira, 25 de julho de 2019
A grandiosidade de um poema de amor
é belo é sublime é amor
é amor é amor
eu grito é amor
eu sou
Amor
meu amor é tão amado
que ama o amor
com amor
Meu amor
é grandioso e amado
e se ama como se ama amar
por amor faz amante
e de amor eu te amo
terça-feira, 23 de julho de 2019
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sussurros ecoarão pelos buracos
o fogo de nós irá arder as camas
os nossos olhos espelho de um lugar lindo dentro da gente
é que quando as maçãs caírem, nós seremos o paraíso
as buzinas tocarão para que prossiga nosso baião, e os dedos serão confundidos com cordas
nós seremos tão felizes que será possível tocá-la como fruta madura exposta
será possível entrar em todos os cantos e a sintonia nosso convite
nosso baile; nossa luminosidade
irá acordar toda a cidade
segunda-feira, 22 de julho de 2019
domingo, 21 de julho de 2019
Eu tremo quando te escrevo
Dessas manias diversas de reagir
O que mais fazia era olhar a ti
De um modo descontraída
Os olhos já estavam lá
Descontraída pela imagem tua
Que filme longo e demorado
E os vocais da voz
Em um tom de tela descontraída
Assisto teu sorriso diferente a cada riso
Instigo que me olhe enquanto digo
Sobre outro poema
Esse daqui eu quero que veja
Que é sobre os teus olhos
quinta-feira, 18 de julho de 2019
para onde, Cristo?
ao provar o corpo de Cristo
eu ajoelhei e um silêncio
muito profundo me arrebentou
não poderia pedir outra benção
se não da sensibilidade
as palavras me afogam
meu corpo à prova
o mundo me faz doída
e os meus ossos inflamados
de uma vontade de correr
para onde, Cristo?
provo a vontade divina
e meu choro finalmente derrama
seu milagre de viver
nesses instantes
eu me surpreendo pela vida
insisto na sensibilidade
que me toca até lá onde desconheço
para onde, Cristo?
me lanço ao mais abismal
que há na solidão das palavras
quarta-feira, 17 de julho de 2019
Anunciação
de um pavor fervido
sentindo muito
novas idades
eu guardei
nos meus papéis
e no sabor do gosto de seda
e alucinações
além de em ti
dirão
O tempo passa
e a gente também
vai tocar seu show
e na próxima janela
a gente vai se esbarrar
olhando a copa das árvores
vibrando em meus papéis
e no sabor da seda
nas alucinações
segunda-feira, 15 de julho de 2019
bem que te-vejo e te-beijo
ele sorria enquanto todos sorriam
mas eu olhava pra ele dizendo
eu estou dizendo pra você
é sobre você tudo isso
ele me abraça e eu nem sinto
os pés ao chão
pode ser que pelo tamanho
ele considere que me levanta
mas eu sei que é porque
me sinto de asas dentro do peito
saltando meu corpo
e ele não sabe mas eu gosto
é tanto que fico sem saber
o que dizer e assim digo
que gosto somente, de tu
de um sono estranho
eu penso que talvez ele possa dormir
e me esquecer ao acordar
penso no medo da morte
que ele diz ter e por estar tão viva
compartilho desse medo da morte dele
só de amor, esse medo eu tenho
porque me conheço morrendo
e não quero morrer disso sozinha
e lembro das mulheres
que o olham inteiro também
e assim eu gosto porque o beijo
se prolonga mais lento
esqueço de olhar a hora
e para onde iríamos senão à cama
que me imagino na boca de uma flor
eu digo o seu nome entre-lábios
e ele me sorri beijando florindo
tão delicado ele me beija
que me imagino um beija-flor
As mulheres que eu admiro
as mulheres que eu admiro
vieram a mim dizer que sou a poeta
que elas mais gostam
se diziam do meu poema
eu as dedicaria uma antologia
se diziam da minha pessoa
eu as dedicaria um poema
domingo, 14 de julho de 2019
acordei e não te olhei nos olhos
fazia tempo que não lembrava de que o coração é inesperado quando se deita na borda do outro.
acho que sonhei sons ocultos e imagens borradas, talvez estivesse imaginado cores empávidas, dois albuns insólidos, bandeiras e outras sensacões de envergar o rosto mais para perto e longe intransitivamente.
preciso amolecer o coração antes de dizer do que sinto por nós, é porque o sentimento é firme mas o coração, meu caro, esse é feito doce de açúcar assado.
teu lábio eu não queria desgarrar, nem da cintura larga, muito menos da nossa posição de afeto pedindo o pão de cada dia, por amor.
ora, e lembrei do sonho, a gente pegava carona enquanto parava para fumar um cigarro em uma bicicleta de ferrugem, parava em um apartamento muito largo - mas não tão largo de seguro e belo feito tua cintura - lá eu brinquei com três crianças e um gato, uma senhora idosa me olhava e dizia se eu tinha vindo para cuidar deles, eu disse que precisava, e brincava com o gato, o gato não me arranhava, mas a senhora não parava de me ferir com os olhos.
tu sumiu, e eu achando que o gato faria o mesmo - o gato esteve todo tempo no mesmo lugar durante o sonho - lá no fundo - existe disso até quando falo do coração - sabia que te encontraria dentro de outras pernas e foi assim, eu não te olhei nos olhos porque os olhos estavam dentro de outro lugar.
Dalí foi surrealismo. no outro quarto o pai e o filho, no banheiro um homem suado entra e diz que eu deveria esquecer que foi um sonho, agora a sala estava cheia de rostos familiares - há quem diga que a gente não reconhece as faces em sonhos - tu reaparece transtornado, parece que tinha acordado. eu não lembro mais de nada.
quarta-feira, 10 de julho de 2019
Belo o jeito como soamos sorrisos
pergunto da imagem que a gente fazia
nos Troncos contraídos, da pele raiando as Raízes,
a marca do teu rosto rastreando as Ramagens amarelas
E os Brotos corando, o verdinho queimando a pálpebra
tu pergunta coisas em silêncio
e me pergunto da imagem que a boca fazia
a gente ensaiando uma nova balada
do samba no banco de vidro
Gato, enviaria os ensaios da poesia
que pensei arqueada ao teu esboço
era novamente o breve tempo acenando
dizendo coisas da boca em bamba
Mais um enredo ao nosso gole,
entrar em campo, o Sol coroando a imagem
que a gente fazia do amor saudando os braços descontraídos
Eu me pergunto da imagem que a gente fazia
quando o amor se fizesse brilhar mais do que o próprio reflexo no Rio
e são tantas línguas de palavras salgadas
e tantos Mares que porventura corriam no Mato
desprovido de roupa o Inverno
saltitando sob os lençóis as Aves saltimbancos
Éramos bonitos e a paisagem um brinco,
falar de Natureza é transformar o que fazíamos encolhidos
Raio de versos um poema desprevenido