domingo, 26 de agosto de 2018
Foed as Chammas no céu, tua assinatura lambendo o papel
Descubro as pastas, divido o mistério entre aquilo que era seu e aquilo que te deram, e muitos escreveram a ti, as cartas, dizia delas e as guardava? Não sei se foram todas, Mas as encontrei na pasta azul de elástico frouxo
Até que um tanto esotérico, e que fazia magia com as palavras. Era possível que te encontrasse só depois mas te achei no exato momento de abrir teus passos/passado/que nunca vivi, Mas pude reviver
segunda-feira, 20 de agosto de 2018
neopósultracontemplativa
uma gota de vácuo me invade com a delicadeza de uma transmissão de rádio
sintonizo as tantas vezes
que me peguei
de repente
alheia
à toda imagem
à luz do instante
recordo minha face
nesses instantes
raramente recordo
quem fui
e corro ao espelho
reconhecer
uma nova versão
amiúde
meu sintoma
desaprendo
a existir
existo
e isso não anula o fato
de reprisar a morte
e acho que é puramente pelo fato
da existência se opor à
há vezes a gente confundindo a dor das gazes com o vazio intermitente
e quando soa o ronco de volta
à sobriedade
lançamos copos e dardos
assim inconformados
que chegue alguma hora
somente indício
à realidade
isso não anula o fato
de contemplar serena
desapontada
meu retumbante estado
instaurado no verso de agora
o seguir das horas líquidas
[Bauman diria que é estado de permanência
mas sou eu mesma que estou dizendo]
enquanto escrevo
esse poema
de memória
penso talvez
tenha pensado escrever
sobre os litros do boteco
d'aguardente
convocada
pelo mundo
gritando
estar cheio
e eu encharcada
literalmente
Por Terra
ainda bem que depois da chuva o céu abre infinito.
sexta-feira, 17 de agosto de 2018
Gosto
Gosto
Gosto do teu jeito de fazer poesia
Da poesia em tu
Gosto do teu cabelo leãozinho
sob o Sol ou sob o teto colorido
Ainda gosto mais quando vejo a poesia tua boca
dizendo cores que não sei são quentes/frias
não sei dizer o que gosto mais
Mas gosto da poesia em ti
Toda hora do poema bom ao ruim
mesmo sabendo que tua poesia é boa
e eu sei lá de poesia ruim
mas quando falo de você
é tão bom quanto poesia boa
E te escrevo um poema espero estar bem
pra dizer que bom te ler e te ouvir e te descobrir na poesia
Todas as cores de um poema pro fim da tarde
de todos os gostos
tua poesia letárgica
enquanto o Sol a gente sabe se lá onde nasce o Sol
Mas todo dia a poesia quente e fria e tua boca adormecida
falando poema como quem descobre uma nova cor
Gosto do seu tom que rima
Gosto da métrica descobrindo espaço
Seu lugar no mundo
o poema teu gesto
gosto desse poema
teu feito pra ti por tu
quinta-feira, 16 de agosto de 2018
Mas o jeito como se espreguiça por o sol dentro do Mar espelhado neles
O modo como vanguarda o jeito da rua, e os monumentos, o jeito de achar lugar Onde há?
Não são teus olhos só
Mas vendo-os oblíquos à estrada vejo que perdida é um sentido muito diferente do que se vê
Então se pergunto Onde? Olha só você diz
[Procuro lugar Onde não seja apenas teus olhos]
Ainda quero morrer de amor
Entro, os olhos, na janela
Espantei as muriçocas
com a fumaça
viajei viajando
Ainda danço
qualquer coisa
e ouço
Vi coisas que não tinha visto
Despi
Banhei
Tem dessas fumaças de energia
Tem muita coisa bonita
e o mundo
Tem dessas peculiaridades
domingo, 12 de agosto de 2018
Luar crescente
feito se por descuido
descobrir minhas mãos
das luvas, apontando à teu coração
e se digo que ousas pensar
em atrever as mangas
colheríamos as doces
no quintal do silêncio precioso,
daríamos um carinho na pantera,
e as mãos carícias, dadas
que sequer descobrimos,
adoraria ver a cor do teu semblante
quando provasse as palavras
escorrendo dos cantos,
das orações, as mãos unidas
no alto de uma rocha vermelha
você adoraria o tom da tarde
quando formos embora depois
da primavera atordoada,
assim, desde que você ousasse
desnivelar a altura das realidades,
estaríamos de mãos nuas
acenando à Lua se pondo
dentro dos corações
sexta-feira, 10 de agosto de 2018
Tartarugas Ninjas
E daí caia no poético. Acho que queriam que eu falasse científico, agisse concreta, corresse de algo, e eu ali afundando.
Mas sinto o corpo meditar, flutuando; digo afundo porque é lá que nós estamos.
"os heróis do boiero" depois vamos falar sobre as tartarugas ninjas. Pesquiso a profundeza do teu olhar
Poesia.
sexta-feira, 3 de agosto de 2018
Indefinível
Por dentro dos braços
Talvez por medo que corresse
Mais pra dentro
Talvez dessa confusão
Da gente metido
Lá dentro
Sonhei que esquecia de beijar
Com a boca
Para provar teu sonho indefinido
E que riscava com os dedos
A ponta dos cabelos encarnados
Como se fosse um fósforo
Prestes a incendiar teus braços
Que me seguravam por dentro
E queriria de sonhares espremida
Viver de teus braços firmes
E pediria mais um minuto de sonho
Talvez fosse possível correr
Mais pra dentro
Se não fosse o calor da manhã
Espelhada em teu bom dia
Me lançando pra fora da cama