terça-feira, 1 de agosto de 2017

Dia após dia
Eu via a morte 
se vestindo pra mim 
como um estranho conforto 

Cotidianamente
Os raios chegavam 
aos ossos 
feito efeito de calafrio 
que me botavam dúvida 
se o frio sentido 
vinha do inverno no rio 

Fui adulando cicatrizes 
sem temer olhares indignados 
por tamanha petulância 
dos corpos livres 

Era minha sentença sentir 
e me amargava o calor 
dos panos grossos 
das saias cumpridas a encobrir 
vergonhas avermelhadas

Oculta em minhas falhas 
fui decidindo acompanhar 
o cansaço das margaridas 
felizes em suas terras úmidas 

Assim permanecia
Dia após dia 
Regando rastros
Transitando a pé entre
dias mornos 
e febris 

Suando em agonia 
por dias seguintes ao raiar 
a sensibilidade desfilando  
Em praça pública 
o caminhar das estações 

Dia após dia 
Fui lidando com a morte 
feito companhia
Depressiva
como se caminha frente fria 

Um comentário:

  1. Consigo quase sentir um vento frio soprando entre as palavras dessa poesia. Às vezes o tempo em nossa alma não compactua com o clima que o céu despeja. E pra aquecer a alma a gente tem que fazer uso de palavras gélidas.

    Senti calafrios com esse escrito.

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