Dia após dia
Eu via a morte
se vestindo pra mim
como um estranho conforto
Cotidianamente
Os raios chegavam
aos ossos
feito efeito de calafrio
que me botavam dúvida
se o frio sentido
vinha do inverno no rio
Fui adulando cicatrizes
sem temer olhares indignados
por tamanha petulância
dos corpos livres
Era minha sentença sentir
e me amargava o calor
dos panos grossos
das saias cumpridas a encobrir
vergonhas avermelhadas
Oculta em minhas falhas
fui decidindo acompanhar
o cansaço das margaridas
felizes em suas terras úmidas
Assim permanecia
Dia após dia
Regando rastros
Transitando a pé entre
dias mornos
e febris
Suando em agonia
por dias seguintes ao raiar
a sensibilidade desfilando
Em praça pública
o caminhar das estações
Dia após dia
Fui lidando com a morte
feito companhia
Depressiva
como se caminha frente fria
Consigo quase sentir um vento frio soprando entre as palavras dessa poesia. Às vezes o tempo em nossa alma não compactua com o clima que o céu despeja. E pra aquecer a alma a gente tem que fazer uso de palavras gélidas.
ResponderExcluirSenti calafrios com esse escrito.