Mulher com sonhos defasados,
Sonhos jogados ao chão como as roupas velhas.
Possui um corpo em função de dinheiro amargo,
Corpo frágil, frígido e usado,
Cheio de hematomas, surrado. Corpo magro.
Aquele sorriso é um desenho feito com lápis sem ponta,
Rabisco da felicidade que nunca existiu
E seu rosto é um borrão de maquiagem,
Triste e artístico, manipulado por mãos trêmulas.
Ela sobrevive em um quarto e sala cheiroso a mofo,
Divide-o com outra mulher sem esperanças
Seu coração é frio
Seu corpo levemente maleável
Molda-se nas mãos de homens ocultos,
Às vezes ela cria histórias durante o abate,
Outras vezes coloca uma máscara sobre o rosto deles
e finge ser criança
Uma pequena e inocente criança que precisa chorar
Ela quer colo e só consegue um gozo forçado ao desfecho
Sob os ombros ela carrega um fantasma
E coloca suas mágoas dentro de um diário
lá pela manhã enquanto se entope de sucrilhos
Anda pela casa semi nua de móveis e faz planos de fuga
Tudo precisa é refugiar nos braços de um amor
Mas não existe amor e nem esconderijo
Suas roupas são curtas, não a cobrem do frio
Seu colar é de lata, os dentes apodrecendo igual aos sonhos
Ela tem olheiras enormes e um rosto febril,
Sua voz é uma súplica à beira do suicídio.
Ela não teve chances de mostrar o quanto escreve bem
O papel e a caneta são suas únicas aliadas
Ela é poeta e só consegue mostrar sua arte na cama,
Arte mal paga
Arte maldita, mal escrita, mal usada.
Ela não quer mais viver,
Mas anoitece e sai criando histórias para poder comer.
Que texto maravilhoso!
ResponderExcluirFico grata por ter lido e pelo seu comentário, Kin.
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