quarta-feira, 24 de abril de 2024

Dona Aranha

há uma aranha tridimensional 
presa às escadas que escapo 
nos dias em que fujo da multidão
dos elevadores de cirúrgico aço 

pairo para contemplar as pernas
cabeludas, sua mandíbula pontuda,
e a perversa mania de estar 
com todos os olhos intocáveis 
a me encarar imóvel e curva 

me espelho na imagem desta 
aranha que a mil versos me clama 
que lhe escreva uma prosa
em estado de [êxtase-textil] 

me finco na carne desta mulher 
que antes da teia calculou
o espaço perfeito infinito 
no canto de uma parede atrás 
do vidro para ser – contemplada 

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