sexta-feira, 4 de novembro de 2022

ama-me a desmemória

ama-me na primeira hora da manhã, 

o instante no qual o céu toca delicado 
as espáduas do Mediterrâneo. 

nesta claridade sonâmbula 
da tarde a faísca urgente da eternidade 
a neblina, o estilhaço. 

ama este lodo em mim cativo, a poeira. 
aquilo o que no esquecimento reluz

ruindo.  

ama-me na escuridão a hora última. 

2 comentários:

  1. esse é um poema de clarividência, e amor pelo mundo em nós. Amei, como se ama a luz do Universo sobre a terra. Mercy!

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