sábado, 13 de março de 2021

calabouço

joão,
lembro de quando você me mostrou que os versos não nasciam amarrados, 
foi tocando no teu verbo, no meio da saudade, que descobri cavalgar - teu torso me levou até a curva da nuvem de uma noite boca de forno, desacreditei que haveria chuva em pelo menos todo o festival 

depois saí pela são clemente crente de que a luz del fuego da varanda que li no teu poema estaria numa rede ou no bolso de alguém que passava, algum sinal de fumaça ou de incêndio que vi em teus olhos aquela vez única 

depois veio mais saudade além da rua, mal passo por lá, voltei a cortar caminho e agora corto os versos, não faço mais a bobeira de amarrar mais nada, mas ainda me amarro na pronúncia declinada do seu nome, meu próprio calabouço

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