quinta-feira, 25 de março de 2021

a fome dos parques

o tempo se fecha áspero 
sob o rosto monótono 
do copo de plástico 
como um morango 
esmagado num drink de 51 

o outono senta cabisbaixo 
descascando 
o balanço paira 
o parque às traças
as crianças esquecem 
de brincar e de cair 

quem veio me disse que anoitece 
um senhor faminto 
alimenta os pombos 
famintos 

me avisam não só da prontidão 
da migalha do tempo 
apontam para o meu umbigo talvez 
ser adulto seja a solidão dos parquinhos 

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