do meu sentimento
penso que amar outra que não eu
é o grande (e cansado) retorno
lido com o que eu vejo com menos
nitidez do que quando escuto o seu nome
peço ao espelho algo
para que possa esquecê-lo
Dorme, meu filho
pois a sombra reclinada
é somente o encosto da cama,
deleite do teu descanso
Rostos às luvas
expostas fraquezas tuas,
descubras
o mundo moço
na palma das mãos
Quererás dessa mão dormente
apoio,
verás o rosto
em desespero,
mas serão gigantes
os teus poemas
Há de encontrar face
a te perturbar,
a solidão não será
mais somente tua,
mas de um desconhecido
Ao desvendar a glória
acreditará estar vencido,
talvez pelo ego
que te definhas,
talvez pelo gosto agridoce
no caldo da boca
Dorme, meu filho
amanhã sabemos que virás
ontem tu sabes que já foi
agora tens o sonho de um menino