quinta-feira, 16 de março de 2017

Mãe

Tarde e quente dentro do período que nasce em plena janela de cada espaço que reservei pra você, lentamente, nos poemas de afeto. O maço vermelho achei na boca da cachorra pequena do lar, que carrega também seus cuidado pelos cantos mutáveis da casa. Trago pra você ver o relevo de gratidão que não se expressa por palavras, é por isso que talvez me calo, e a noite prestes a desabar. A batida na porta, seu peito alvoroçado pela passagem das horas, seu jeito de falar como quem ama todas as vezes de uma vez só. Na cama de casal seu corpo vívido macio embrulhado, no topo das mãos além de rugas apontam também direções que sequer segui mas governam os passos. Desabafo do vento lá fora sem rumo a nos seguir. Eu te penso em tudo. Você em mim eu saindo de ti pela porta. Você e eu na praia que vento bom te sentir tranquila debaixo da barraca sentada me deixa molhar teus pés. Te penso em terminar esse poema sem ferir o choro que desagua como fonte de milagre mãe. Te penso no correr do tempo que bate mais forte do que onda brava, e o relógio na parede - as nossas falam. Seu teto, meu chão, o tecido que te costura, abençoadas são tuas mãos.  

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