sábado, 24 de outubro de 2015

laranjas e filosofias bagaças

tentei dormir mas ouvi 3 tiros disparados
corri pra ver se havia sangue na rua
de certo a cena me cederia 1 pesadelo digno
porém não era bala atravessada que rendia insônia
corri pra geladeira e ali quase vazia só tinha
2 laranjas descascadas
senti a metáfora roer meu estômago
os bagaços deixados pra mim possuíam suco e caroços
a tampa do vazo levantada
a tampa da pasta de dente desaparecida
um gosto de choro na garganta
é quase manhã mas narro a noite
como se fosse tudo uma instigante narrativa
e o ronco da barriga só um surto de paixão
os tiros um presságio de domingo
e as tampas sejam as famosas pedras no meio do caminho
os bancos só abrem portas às 9h
chupei minhas metades das laranjas

Drummond diria que eu corro demais

5 comentários:

  1. Adorei o ritmo poético, me lembrou quando converso cmg mesma.
    Incríveis abstrações.
    beijos.

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  2. Adorei o ritmo poético, me lembrou quando converso cmg mesma.
    Incríveis abstrações.
    beijos.

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  3. Dessas epifanias frenéticas que dá gosto de ler!

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  4. "um gosto de choro na garganta"

    Esse gosto não me larga nunca. Meu gosto pela sua poesia também não me larga.

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  5. E ele estaria certo, ainda mais se dissesse que tu sente mais enquanto corre e discorre sobre o cotidiano, que te trás à minha existência e faz com que eu tenha o mesmo gosto, quando te leio.
    E é verdade, " esse gosto não me larga" como disse a Hellen.
    Também gosto do circo sob a poesia e muito pouco de laranjas.
    Abraço e uma boa semana.

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