quinta-feira, 13 de março de 2014
Sopra o vento essa despedida
Estou desistindo de nós como da vez que deixei de comprar balas de framboesa pois o sol estava quente demais para sair da nossa casa. Você pode pegar seu halito de amêndoa e esfregar em outras bocas rançosas de febre, estou desistindo. Retorne àquela cidade sem luz, seus pais ficaram por lá com os pés empoeirados de areia regional e os olhos alagados de saudades. Pois é, eu respirei sua falta sacana por dias e já me acostumei com esse sufoco demoníaco. Fiz promessas para algum santo a fim de esquecer sua imagem, porém minha fé é pequena demais para passar uma borracha no seu rascunho, fui vender minha alma mas ela é tão surrada quanto sua camisa de inverno que guardo debaixo do travesseiro pois aquele cheiro encardiu-a com um perfume que não sai mais de mim. Meu querido, eu estou desistindo e só o vento que entra atrasado por essa porta de alumínio pode me fazer chorar, ninguém consegue vê-lo ou amá-lo, mas choro porque ele é o único que sempre esteve aqui arrastando para longe essas cartas tolas de despedida que reúno ímpeto para um dia te dar.
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Bom dia Gyzelle.. sempre muita riqueza nas tuas palavras.. tua imaginação é realmente muito fértil.. tu te transportas lindamente..
ResponderExcluirnão sei se pretendes mas um livro teu seria tudo de bom..
tenha um lindo dia
Pequenos textos profundos de sentimento, sempre com excelentes imagens.
ResponderExcluirEscrita maravilhosa!
xx
Acho profundamente lindo textos sobre despedidas, sempre me tocam de certa forma.
ResponderExcluirDizer adeus é admitir o fracasso da relação ao qual se investiu muito, por isso é tão difícil.
ResponderExcluirPalavras sempre muito belas.Gostei muito.
Beijinho.
Adorei o seu texto! :)
ResponderExcluirSanti
santiroyalhome.blogspot.com
A despedida requer sempre a sinceridade mais triste.
ResponderExcluirQue bonito desabafo, tenho escrito coisas assim e guardado nas gavetas sujas da minha casa.
Um adeus visceralmente belo.
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