quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

deleite

ao abraça-la sinto como se 
uma catedral me cobrisse de aquarela 

à meia-tarde do século XXI 
esfrego as mãos ao rosto das folhas 

há tempos que perdi a arritmia,
o rumo e a melancolia
ainda que ouça o sino atado 
ao pescoço das amuadas taurinas

as carrancas expõe as línguas
o vocábulo me foge, 
ainda que não vos escapasse 
seria o silêncio imperfeito

você deleitosa sob o rosto incolor 
me cega de cores da imaginação 

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