Percorro o jornal da manhã. Vejo o rosto do passado, do meu primeiro carnaval, nos rostos daquelas figuras das páginas. Embora diferente das cores e das serpentinas agitadas, são as pessoas - mascaradas - que vagam pelas cinzas da cidade pasma. Desejo o sítio por mim criado no tempo em que com os olhos escrevia marchinhas para o mundo, lugar no qual eu enterrei a minha bicicleta e o meu semblante solto. Atualmente pedalo com os dedos nos papéis e espero com cuidado a liberdade, essa danada que se despediu com o primeiro sorriso pela manhã. Hoje, todavia, a vontade de sair se manifesta. Marcho com os dedos, inquieta a minha crônica desfila em festa, lá no fundo alvoroçado da memória a folia regressa e me sorri: o carnaval se faz é na rua do corpo das palavras.
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