quinta-feira, 13 de maio de 2021

o que trago nas mãos é o susto 
atravesso o sorriso 
de uma desconhecida palavra,  
obra cujas mulheres 
- em construção -
saíram para o almoço, 
uma placa na veia da cidade 
entre dois grandes blocos de vidas
sucumbidas

o medo nunca foi apenas o estalo 
por dentro ele aparece cheio de dentes,
rosna e aponta 
- ainda que os umbigos fossem todos para
dentro - 
mandaram que nós trancássemos
as bocas, mas ainda há uma diminuta 
ferida indolor 

se enfiarmos o dedo é capaz de abrí-las 

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