o olho da noite dentro do fundo
do meu corpo me aponta,
o meu umbigo, fino deslize de nascença,
fita o buraco incompreensível
Ainda que pudesse descrevê-lo
seria descuido dar nome ao desvio
pois é que por mim corre água
de todos os gostos, a corrente desmorona,
dentro da fundura, me sinto encolher
em determinadas horas desabar
esse incorruptível vagão
a percorrer meus cantos, a boca,
fonte indecifrável de poemas tortos/torpes,
me intitulam disforme, possível fissura da pele,
acredito estar mais alheia a nós
do que estive e ainda há mais presença
de tudo o que há ou que fosse possível
marginalia, à beira do olho
ainda que fosse preciso
diria sobre a delicadeza
essa tão intocada, e perto dos lugares
em que deixamos essa vontade entocada
em algum lugar deixado para a hora mansa do dia,
para a noite branda do mês
no profundo do buraco do corpo me alisa,
meu gesto se retrai, tênue propósito dos indefesos
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